Exportadores brasileiros de café alertam para cenário mais difícil após revisão tarifária dos EUA
- Adilson Silva

- há 3 dias
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A recente decisão do governo norte-americano sobre tarifas de importação gerou forte reação entre empresas brasileiras do setor cafeeiro. Apesar de os Estados Unidos terem reduzido taxas globais sobre diversos produtos agrícolas, o café brasileiro continuará enfrentando uma barreira tarifária de 40%, o que, segundo exportadores, aumenta ainda mais a desvantagem competitiva do país diante de rivais internacionais.
A medida foi oficializada por decreto do presidente Donald Trump, que retirou tarifas extras de 10% aplicadas a produtos de países ao redor do mundo. No entanto, itens brasileiros permaneceram sujeitos às cobranças adicionais — o que frustrou o setor.

“A situação piorou. Enquanto nossos concorrentes entram sem tarifas, seguimos penalizados”, afirma Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé.
Risco de perda de mercado para concorrentes
A principal preocupação é que países como Colômbia, Vietnã, Etiópia, Costa Rica e Indonésia — que já possuem acordos específicos com os EUA — ocupem o espaço antes preenchido pelo café brasileiro nos blends vendidos ao mercado americano. A troca, segundo o setor, pode se tornar irreversível com o tempo.
Dados da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais) indicam que, entre agosto e outubro deste ano, os embarques de cafés especiais ao mercado americano caíram 55%, passando de 412 mil para 190 mil sacas de 60 kg.
A entidade defende que o governo brasileiro retome com urgência as negociações diplomáticas para tentar reverter as barreiras.
Outros setores também sentem o impacto
Um levantamento preliminar da CNI aponta que 80 produtos agrícolas brasileiros terão algum benefício com a nova política tarifária americana — principalmente suco de laranja e castanhas. Porém, setores estratégicos, como o de carne bovina e café não torrado, continuarão sujeitos à tarifa de 40%.
Segundo estudo da Abrafrigo, apenas o segmento de carne bovina acumula prejuízos estimados em US$ 700 milhões desde a adoção das tarifas, no trimestre inicial de vigência das medidas.
Mesmo assim, a demanda chinesa e europeia sustentaram o crescimento anual das exportações. De janeiro a outubro, o Brasil registrou aumento de 36% nas vendas externas de carne e derivados, alcançando receita histórica de US$ 14,65 bilhões.
Suco de laranja ganha fôlego parcial
Entre os produtos agrícolas, o suco de laranja foi um dos poucos beneficiados. Todos os códigos tarifários do produto brasileiro foram incluídos na lista de isenção da sobretaxa de 10%, o que reduz custos e melhora a competitividade.
No entanto, uma barreira antiga — equivalente a US$ 415 por tonelada de suco concentrado — permanece válida. Subprodutos como óleo essencial e farelo de laranja também continuam sendo taxados.
A CitrusBR afirma que a medida ajuda, mas não resolve completamente o problema, e espera avanços em negociações futuras.







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