STF volta a julgar Bolsonaro e expectativa é de maioria pela condenação
- Adilson Silva
- há 1 dia
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira (11), às 14h, o julgamento do núcleo central acusado de participação na tentativa de golpe de Estado. A análise chega ao seu terceiro dia e deve avançar para a definição da maioria sobre o destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Inicialmente, a sessão estava marcada para a manhã, mas foi adiada em razão da longa manifestação do ministro Luiz Fux no dia anterior, que se estendeu por cerca de 12 horas.
Até o momento, já se pronunciaram Alexandre de Moraes, relator do processo, e Flávio Dino, ambos pela condenação de Bolsonaro e de outros aliados. Fux, por sua vez, votou pela absolvição do ex-presidente em todas as acusações, contrariando a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) e a posição dos colegas.
Votos pendentes
Ainda faltam as manifestações da ministra Cármen Lúcia e do presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, que podem formar maioria a favor da condenação.
Moraes e Dino defenderam que Bolsonaro e sete de seus ex-auxiliares responderam por crimes como:
organização criminosa armada,
tentativa de golpe de Estado,
abolição violenta do Estado democrático de Direito,
dano qualificado ao patrimônio público,
destruição de bens tombados.
Fux, no entanto, discordou do enquadramento feito pela PGR. Para ele, os atos de 8 de janeiro de 2023 foram conduzidos por “multidões desorganizadas”, sem estrutura ou comando central capaz de caracterizar um golpe. Ele comparou os episódios à violência dos black blocs durante os protestos de 2013.
Questionamentos de Fux
Logo no início de seu voto, Fux defendeu a nulidade do processo, alegando três pontos principais:
O caso deveria ser julgado na primeira instância, e não no STF;
A decisão deveria ter sido levada ao plenário e não apenas à Primeira Turma;
Houve cerceamento de defesa no andamento do processo.
Ele também afastou a possibilidade de condenar Bolsonaro e outros réus pelos crimes de organização criminosa e dano ao patrimônio público tombado, afirmando que a denúncia não apresentou provas suficientes.
Réus do julgamento
Além de Bolsonaro, também respondem ao processo:
Alexandre Ramagem, deputado e ex-diretor da Abin;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente em 2022.
Já há maioria formada para condenar Mauro Cid e Braga Netto pelo crime de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
Próximos passos
A expectativa é que o julgamento seja concluído até esta sexta-feira (12). Além de definir quem será condenado, os ministros também precisarão estabelecer a dosimetria das penas — ou seja, o tempo de prisão ou outras medidas aplicadas a cada réu.
Caso Bolsonaro seja condenado em todas as acusações, a pena máxima pode ultrapassar 40 anos de prisão.
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