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Hugo Motta sob pressão: Câmara dividida entre acordos e a sombra de Lira

Com apenas sete meses de comando na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) ainda luta para firmar autoridade no cargo. O mais jovem presidente da Casa enfrenta um desafio extra: a influência persistente de Arthur Lira (PP-AL), seu antecessor e padrinho político, que continua articulando nos bastidores com habilidade de quem nunca deixou de mandar.


Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados/Arquivo
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados/Arquivo

Nos momentos mais tensos, é no gabinete de Lira —localizado a poucos metros do de Motta— que as negociações decisivas acontecem. Foi lá, por exemplo, que se fechou o acordo que encerrou o motim bolsonarista no plenário da Câmara, com direito à promessa de votar a anistia e a chamada PEC da blindagem.

Motta, embora presidente, teve papel coadjuvante no episódio: só voltou à cadeira após o acerto de Lira com os revoltosos e ainda encarou constrangimento com opositores se recusando a deixar a mesa. Tentou reagir propondo punições, mas não teve respaldo da Mesa Diretora.

As semanas seguintes mostraram o peso da herança de Lira. A PEC da blindagem, que dá ao Congresso poder de barrar investigações contra parlamentares, quase entrou em votação às pressas, mas Motta recuou diante da resistência de partidos e da tentativa do PL de incluir benefícios ainda mais amplos.

Agora, a bola da vez é a anistia. Sob pressão de aliados de Jair Bolsonaro (PL) e após investidas do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Motta já admite a possibilidade de levar a proposta ao plenário —especialmente após a provável condenação do ex-presidente na Justiça. A visita recente de Lira a Bolsonaro em Brasília só aumentou a temperatura.

Apesar disso, aliados de Motta afirmam que ele tem garantido apoio expressivo em votações importantes e conduziu pautas estruturantes, como a reforma administrativa. Também reforçam que sua relação com Lira é de “parceria”, e não de tutela.

Aos 35 anos —faz 36 nesta semana—, Motta construiu trajetória de bom trânsito entre diferentes blocos partidários. Foi próximo de Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e do próprio Lira, que acabou escolhendo-o como sucessor e garantindo sua eleição em primeiro turno, com apoio que foi do PT ao PL.

Mesmo assim, a confiança nos acordos conduzidos por Motta tem sido colocada à prova. Ele oscilou entre momentos de proximidade com o governo Lula —participando de atos e viagens oficiais— e posições contrárias que geraram desgaste, como quando articulou contra mudanças no IOF defendidas pela Fazenda. Nas redes, virou alvo de ironias com o apelido “Hugo Nem se Importa”.

No desfile de 7 de Setembro, apareceu como figura de destaque no palanque ao lado de Lula, mas sem apagar a percepção de que sua gestão segue marcada pelo dilema: presidir a Câmara ou administrar a sombra de Arthur Lira.


Dizeeeeem: que Motta é o presidente da Câmara... mas pelo visto quem continua dando expediente na cadeira é o vizinho do andar de baixo.

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