Casos de intoxicação por metanol chegam a 113 no Brasil; Ministério da Saúde emite alerta nacional

O Ministério da Saúde divulgou, nesta sexta-feira (3), um novo boletim apontando 113 notificações de possível intoxicação por metanol em cinco estados e no Distrito Federal, após consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.

De acordo com a pasta, 11 casos já foram confirmados laboratorialmente e outros 102 permanecem sob investigação. Entre as ocorrências, há uma morte confirmada em São Paulo e onze óbitos ainda em análise.

Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

O levantamento incluiu as primeiras notificações da Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul, que se somam aos registros anteriores em São Paulo, Pernambuco e no DF. No balanço de quinta-feira (2), o país contabilizava 59 notificações, restritas a três unidades da federação.

Dos 113 casos notificados, São Paulo concentra a maior parte (101) — sendo 11 confirmados e 90 em apuração. Pernambuco aparece com seis casos em investigação, enquanto Bahia e Distrito Federal registram dois cada. Já Paraná e Mato Grosso do Sul têm uma notificação cada.

O Ministério informou que 12 mortes foram notificadas até o momento — uma confirmada em São Paulo e 11 em análise (8 em SP, 1 em PE, 1 na BA e 1 no MS).

As informações são consolidadas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), que só confirma os casos após exames laboratoriais. O órgão também descartou 15 suspeitas anteriores de contaminação.

Historicamente, o Brasil registra cerca de 20 casos anuais de intoxicação por metanol, geralmente associados a tentativas de suicídio ou ao consumo acidental por pessoas em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua. O aumento recente é considerado atípico pelas autoridades.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou os episódios como “graves e incomuns” e pediu que a população evite o consumo de destilados sem procedência — especialmente os incolores, que são mais suscetíveis à adulteração. “Estamos diante de um crime envolvendo bebidas adulteradas, especialmente destilados transparentes, cuja falsificação é difícil de identificar”, alertou.

Para reforçar o atendimento, o governo anunciou a aquisição imediata de 4.300 ampolas de etanol farmacêutico, usado no tratamento das vítimas, além de preparar a compra de 5.000 kits de tratamento, que podem incluir até 30 ampolas cada.

Também está em andamento a tentativa de importação e doação do fomepizol, um antídoto contra o metanol ainda sem registro na Anvisa.

O Ministério da Saúde instalou uma sala de situação para acompanhar a evolução dos casos, reunindo representantes das pastas da Saúde, Justiça e Agricultura, além de órgãos como Anvisa, Conass, Conasems e governos estaduais.