Brasil prepara ofensiva diplomática em Washington para negociar fim do “tarifaço” imposto pelos EUA
- Adilson Silva

- há 18 horas
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Encontro pode ocorrer nos próximos dias e contará com Alckmin, Haddad e Mauro Vieira na linha de frente
O governo brasileiro se mobiliza para uma importante rodada de negociações em Washington (EUA), que deve acontecer na próxima semana, com o objetivo de discutir a redução das tarifas de 40% impostas aos produtos brasileiros. A reunião reunirá autoridades dos dois países e é considerada estratégica para aliviar as tensões comerciais geradas após a adoção das medidas protecionistas pelos Estados Unidos.

De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a equipe de negociação — composta pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o chanceler Mauro Vieira — está em alerta para embarcar a qualquer momento, mesmo durante os compromissos da COP em Belém. Do lado americano, devem participar o secretário de Estado Marco Rubio, o secretário do Tesouro Scott Bessent e o representante de Comércio da Casa Branca, Jamieson Greer.
Brasil busca reversão das tarifas e equilíbrio nas relações comerciais
A expectativa do governo é que a reunião seja o primeiro passo concreto para reverter o chamado “tarifaço” que atinge diretamente setores como o agronegócio e a indústria de base. A Casa Branca deverá apresentar suas condições para aliviar as restrições, mas, segundo diplomatas, o imposto geral de 10% aplicado a todos os países não será discutido neste momento.
Entre as alternativas em estudo, o Brasil avalia reduzir tarifas sobre o etanol americano em troca da diminuição de impostos sobre o café e as carnes brasileiras. Essa proposta de reciprocidade é vista em Brasília como uma maneira de construir um acordo pragmático e equilibrado, sem abrir mão da soberania nacional.
EUA devem buscar contrapartidas políticas e estratégicas
Nos bastidores, há a percepção de que o governo americano buscará vantagens políticas e comerciais em troca da retirada das barreiras. “Eles querem eliminar os ‘bodes na sala’ e apresentar o resultado como uma vitória política”, comentou um assessor próximo à equipe de negociação.
O Planalto, porém, já definiu suas linhas vermelhas. Qualquer tentativa de pressionar o Brasil a se distanciar da China — como ocorreu na recente negociação dos EUA com a Argentina — será firmemente rechaçada.
“O Brasil tem uma política externa soberana e não aceita alinhamentos automáticos”, afirmou um alto funcionário do governo, sob reserva.
Relações com a China e Venezuela também entram no radar
Embora o foco principal seja a questão tarifária, outros temas delicados podem emergir durante as conversas, como a situação política da Venezuela e as sanções aplicadas pelo governo americano a autoridades brasileiras, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, no âmbito da Lei Magnitsky.
O governo brasileiro pretende aproveitar o encontro para solicitar a revisão das sanções, consideradas injustificadas e prejudiciais à cooperação institucional entre os países.
Durante a recente reunião entre Lula e Donald Trump em Kuala Lumpur, e em outro encontro técnico entre Mauro Vieira, Marco Rubio, Scott Bessent, Jamieson Greer e o assessor internacional Audo Faleiro, esses assuntos foram tratados de forma indireta, mas sem avanços concretos.
Posição firme sobre a Venezuela
De acordo com fontes diplomáticas, Rubio voltou a defender ações duras contra o governo de Nicolás Maduro, alegando que o regime venezuelano estaria incentivando o tráfico de drogas e enviando criminosos para os Estados Unidos.
O Brasil, por sua vez, manteve sua postura tradicional de mediação e diálogo regional, reforçando que qualquer intervenção militar na Venezuela geraria instabilidade em toda a América do Sul.
“Nosso foco é evitar novos focos de tensão e preservar a estabilidade regional”, declarou uma autoridade do Itamaraty.
Expectativa de avanço gradual
A diplomacia brasileira vê a reunião em Washington como o início de um processo de reconstrução do diálogo comercial com os EUA, que foi abalado nos últimos meses. Mesmo que o acordo final demore, há confiança de que o encontro servirá para abrir canais técnicos e políticos capazes de destravar as negociações.
Para o governo Lula, o resultado ideal seria a redução gradual das tarifas e a restauração das condições de competitividade dos produtos brasileiros, especialmente no setor agroindustrial, onde o impacto das medidas americanas foi mais severo.
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