Quórum insuficiente trava votação de empréstimo de R$ 2 bilhões após manobra da oposição na AL-BA
- Adilson Silva

- há 8 horas
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Sessão é encerrada após pedido inesperado de verificação de quórum
A sessão plenária desta quarta-feira (26) na Assembleia Legislativa da Bahia terminou antes do previsto após um pedido de verificação de quórum feito pelo deputado Sandro Régis (União Brasil). A solicitação, apresentada logo no início dos trabalhos, gerou constrangimento entre os próprios oposicionistas e impediu a votação do projeto que autorizaria o governo estadual a contratar um empréstimo de R$ 2 bilhões

O movimento ocorreu poucos dias depois de o ex-prefeito de Salvador e líder político da oposição, ACM Neto (União Brasil), cobrar maior firmeza e articulação da bancada durante uma reunião interna. O recado foi interpretado como crítica direta ao desempenho do líder da oposição na Casa, Tiago Correia (PSDB), que vinha sendo alvo de queixas de colegas por causa de reiterados acordos com o governo em pautas de interesse do Executivo.
Pressão interna e quebra de acordo movimentam bastidores
A iniciativa de Sandro Régis surpreendeu outros parlamentares da oposição, especialmente porque havia um acordo informal para que pedidos de verificação de quórum não fossem feitos durante o Pequeno Expediente — momento destinado às representações partidárias antes do início efetivo das votações.
No momento da interrupção, o líder Tiago Correia não estava no plenário. Samuel Júnior (Republicanos), que presidia a sessão até a chegada da deputada Ivana Bastos (PSD), lembrou o colega de bancada sobre o entendimento firmado para evitar manobras regimentais naquele horário.
Com a verificação solicitada antes das 15h, horário em que tradicionalmente os deputados começam a se reunir em maior número, a base governista não conseguiu alcançar o quórum mínimo. O plenário esvaziado levou ao encerramento imediato da sessão.
Matérias travadas incluem três pedidos de empréstimo
A pauta do dia incluía a votação da autorização para o governo contratar um empréstimo de R$ 2 bilhões, cuja urgência já havia sido aprovada na semana passada. Além disso, estavam programadas as discussões de urgência de outros dois créditos enviados pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT): um de R$ 300 milhões e outro de R$ 650 milhões — este último sendo o 22º pedido semelhante encaminhado ao Legislativo.
A quebra de acordo no Pequeno Expediente, segundo parlamentares, prejudicou toda a agenda financeira prevista para esta semana.
Base governista reage: “Nunca houve verificação neste horário”
A presidente da Assembleia, Ivana Bastos, classificou a situação como inédita em seus quatro mandatos.
“É uma quebra de acordo. Nunca vi pedido de verificação de quórum no Pequeno Expediente. Os deputados chegam sempre neste horário, entre três e três e pouco da tarde. Na próxima semana, vamos antecipar a presença, se for necessário”, disse a presidente.
O líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), também demonstrou surpresa ao conversar com jornalistas. Segundo ele, a prática adotada pela oposição não costuma ocorrer antes das 15h30.
“O pedido foi feito antes das 15h, o que inviabilizou a sessão. Regimentalmente é possível, mas nunca foi usado dessa forma. Em 16 anos de Casa, nunca vi isso. Vamos discutir internamente como tratar essa situação”, afirmou.
Clima político permanece tenso
A manobra oposicionista, vista como reflexo direto da pressão de ACM Neto sobre o grupo, expôs divergências internas e indica uma possível mudança de postura da bancada contra o governo. O episódio promete repercutir nas próximas sessões, especialmente diante da agenda de projetos sensíveis para o Executivo, que depende de maioria consolidada para avançar.







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